Início da apresentação repetindo por três vezes a
cena do áudio instrumental do som do trem e pais, crianças e professora
entrando no meio de transporte, com ações repetidas com as mãos e reações de cochicho
e riso disfarçado.
Áudio de som instrumental.........
NARRADOR: Praticamente todo dia a cena era igual. Os anos se
passavam e a situação continuava a mesma. Várias gerações receberam, da bondosa
e dedicada professora, ensinamentos valiosos e abençoados. Dona Angélica era
uma pessoa de boas maneiras, calma e gentil, mas não muito bem compreendida.
(Passa a professora se arrumando pra ir pra
escola, pegando os livros, óculos...)
ANGÉLICA: Bom dia! Olá! Quanta gente bonita! Vocês são os
alunos novos da escola? Que bom! Sejam bem vindos! Mas vamos! Não podemos
atrasar no primeiro dia de aula. Ainda temos que pegar o trem, nossa escola
fica na vila próxima.
NARRADOR: Envelhecia no exercício do dever de preparar as
crianças para um futuro melhor, com espírito de abnegação e devotamento quase
maternal.Dona Angélica não era considerada uma pessoa equilibrada em razão do
seu comportamento, que parecia um tanto esquisito.
PAI: Viram isso? Só pode ser louca! Em todas as viagens
de ida e volta à escola, faz gestos e movimentos com as mãos. Eu heim? Não sei
não!
MÃE: É uma excelente professora, mas está completamente
fora do juízo. Pela janela do trem, dona Angélica faz acenos como se estivesse
dizendo adeus a alguém invisível aos olhos de todos.
PROFESSORA: Precisa sim de uma
avaliação psicológica! Isso sim!
CRIANÇA: Será que é um fantasma? Rá rá rá... (Todos riem
dela às escondidas, acenando e cochichando)
CRIANÇA: Que nada! Tá ficando gagá, que nem minha vó!!!
CRIANÇA: Ah! Essa piada é muito engraçada!!! Rá rá rá...
(A
professora passa e todos a cumprimentam como se nada tivesse acontecido.)
ANGÉLICA: Bom dia meus amores! Vamos que tem muito trabalho
a fazer hoje, muito o que estudar e aprender. Vejamos as partes da planta. Como
já vimos tem folha, caule e raiz.
CRIANÇAS: Sim professora Angélica.
ALBERTO: Professora, por que você
insiste em continuar com essas atitudes loucas?
ANGÉLICA: Que deseja dizer, filho? Interrogou, surpresa, a bondosa senhora.
ALBERTO: Ora, professora - continuou ele, - você fica dando adeuses para os animais, abanando
as mãos... Isso não é loucura?
ANGÉLICA: Veja esta bolsa. - E apontou para a intimidade do objeto de couro
forrado. Nota o
que há aí dentro?
ALBERTO: Sim. - Respondeu Alberto. Eu vejo que há algo aí, mas o que é, afinal?
ANGÉLICA: É pólen de flores. São
sementes miúdas... Há quase vinte anos eu passo por este caminho, indo e vindo
da escola. A estrada, antes, era feia, árida, desagradável. Eu tive a
ideia de a embelezar, semeando flores. Desse modo, de quando em quando, reúno
sementes de belas e delicadas flores do campo e as atiro pela janela...
ALBERTO: Hummmm! É por isso que esse
caminho está totalmente diferente! Era você!
ANGÉLICA: Sei que cairão em terra
amiga e, acarinhadas pela primavera, se transformarão em plantas a produzirem
flores, dando cor e alegria à paisagem.
Como você
pode perceber, a paisagem já não é mais árida. Há flores de diversos matizes e
suave perfume no ar, que a brisa se encarrega de espalhar por todos os lados.
ALBERTO: Que ideia maravilhosa! Eu
também hei de semear flores!
ANGÉLICA: Alberto! Na vida,
todos somos semeadores... Uns
semeiam flores e descobrem belezas, perfumes e frutos. Outros semeiam espinhos e se ferem nas suas pontas agudas.
NARRADOR: Sigamos o exemplo da professora Angélica, pois, ninguém
vive sem semear, seja o bem, seja o mal...Felizes são aqueles que, por onde
passam, deixam sementes de amor, de bondade, de afeto...
Livro: O
semeador. (Divaldo Pereira Franco, pelo espírito Amélia Rodrigues), com
adaptações.
Obs: Para simbolizar o trem utilizamos as telas de TV de papelão do planejamento de aula: A paz em casa, paz no mundo. Como houve problema no áudio combinamos com as próprias crianças o barulhinho do trem. Foi lindo!!!