(cenário de casa com mesa farta, cesta com frutas, enfeites
com flores, pessoas bem arrumadas demonstrando uma boa situação econômica)
NARRADOR: Hilda, menina
abastada, diariamente dirigia más palavras à pequena vendedora de doces que lhe
batia humildemente à porta da casa.
HILDA: Que vergonha! De bandeja! De
esquina a esquina! Vai-te daqui! — (gritava, sem razão.)
NARRADOR: A modesta menina se
punha pálida e trêmula. Entrementes, a dona da casa, tentando educar a filha,
vinha ao encontro da pequena humilhada e dizia, bondosa:
MÃE: Que doces tão perfeitos! Quem os
fez assim tão lindos?
MENINA: Foi a mamãe. (A mocinha, reanimada,
respondia, contente:)
MÃE: Parecem muito apetitosos!!! Vamos
comprar 6 deles.
MENINA: Muito obrigada senhora! Que Deus
lhe recompense!!! Tchau!!!
MÃE: Hilda, não brinques com o destino.
Nunca expulses o necessitado que nos procura. Quem sabe o que sucederá amanhã?
Aqueles que socorremos serão provavelmente os nossos benfeitores.
PAI: Não zombes de ninguém, minha filha!
O trabalho, por mais humilde, é sempre respeitável e edificante. Por certo,
dolorosas necessidades impelirão uma criança a vender doces, de porta em porta.
NARRADOR: Hilda, contudo, no
dia seguinte, fustigava a vendedora, exclamando:
HILDA: De novo? Fora daqui! Bruxa!
bruxa!...
NARRADOR: A mãe devotada
acolhia a pequena descalça e repetia à filha as advertências carinhosas da
véspera. (apenas a cena ocorre novamente juntamente com a presença do médico
desenganando a saúde do pai de Hilda)
Correu o tempo e,
depois de quatro anos, o quadro da vida se modificara. O paizinho de Hilda
adoeceu e debalde os médicos procuraram salvá-lo. Morreu numa tarde calma,
deixando o lar vazio.
MÃE: E agora minha filha? O que será de
nós duas? Sinto-me extremamente abatida
e, com as despesas enormes, só contas e dívidas sem fim, não vou conseguir
arrumar emprego desse jeito. Mal consigo me mover.
NARRADOR: A menina,
anteriormente abastada, não podia agora comprar nem mesmo um par de sapatos.
Aflita por resolver a angustiosa situação, certa noite Hilda chorou muitíssimo,
lembrando-se do papai. Dormiu, lacrimosa, e sonhou que ele vinha do Céu
confortá-la. Ouviu-o dizer, perfeitamente:
PAI: Não desanimes, minha filha! As
dificuldades são passageiras em nossa vida e servem para o nosso próprio
crescimento. Tenha coragem! Força e fé! Vai trabalhar! Seja útil! O trabalho é
bênção de Deus em nossas vidas! Vende doces para auxiliar a mamãe!...
NARRADOR: Despertou, no dia
imediato, com o propósito firme de seguir o conselho. Ajudou a mãezinha enferma
a fazer muitos quadrinhos de doce de leite e, logo após, saiu a vendê-los a
algumas pessoas generosas. (Enquanto isso na rua...)
MENINOS: Sai daqui! Bruxa de
bandeja!...
NARRADOR: Sentia-se triste e
desalentada, quando bateu à porta de uma casa modesta. Graciosa jovem atendeu.
Ah! que surpresa! Era a menina pobre que costumava vender cocadas noutro tempo.
Estava crescidinha, bem vestida e bonita. Hilda esperou que ela a maltratasse
por vingança, mas a jovem humilde fitou nela os grandes olhos, reconheceu-a,
compreendeu-lhe a nova situação e exclamou, contente:
MENINA: Que doces tão perfeitos! Quem os
fez assim tão lindos? A interpelada lembrou os ensinamentos maternos de anos
passados e informou:
HILDA: Foi a mamãe.
MENINA: Parecem muito apetitosos!!!
Hummmm!!! Muito bom!!! Vou ficar com todos dessa bandeja e amanhã pode voltar
que vou adquirir mais alguns.
HILDA: Muito obrigada do fundo do meu
coração.
NARRADOR: A ex-vendedora abraçou-a
com sincera amizade. Desse dia em diante, a menina vaidosa transformou-se para
sempre. A experiência lhe dera inesquecível lição.
(adaptação da psicografia de Francisco Cândido Xavier – Espírito: Neio Lúcio)
(adaptação da psicografia de Francisco Cândido Xavier – Espírito: Neio Lúcio)
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