CENA I
Em um quarto de hospital se encontram:
Gerivaldo, marido de dona Léia, sentado em uma cadeira de cabeça baixa; e a
mesma deitada em estado vegetativo. Entra em cena uma médica.
DOUTORA: Sr. Gerivaldo... É... Vejo que ainda está esperando algum sinal de vida
de Dona Léia, não é?
GERIVALDO: Sim! Minha filha, tenho muita fé que minha "veinha" vai
despertar!
DOUTORA: Ahh... Bem... Eu... Eu sinto muito senhor, mas... Creio que não há mais
nada que possamos fazer por ela. Ela está em coma há meses! Acho que a melhor
opção para o senhor e sua família seja desligar os aparelhos e... Acabar com o
sofrimento dela!
GERIVALDO: Desligar...? Bem... Eu... Eu vou pensar... Preciso de um tempo pra
pensar no assunto...
DOUTORA: Tudo bem! Se decidir, prepararemos as papeladas!
(As cortinas se fecham).
CENA II
Na casa de Gerivaldo, vários móveis
espalhados. Gerivaldo entra triste, desamparado, questionando sobre qual será a
sua decisão interagindo junto à plateia.
GERIVALDO: E agora crianças!? O que eu faço? Desligo ou não os aparelhos? Se eu
não desligar, minha esposa sofrerá mais, mas por outro lado se eu desligar será
estarei tirando uma vida! Se bem que, a médica disse que ela já é incapaz de
sobreviver sem aparelhos...
Ah, eu não sei! EU NÃO SEI! Isso é
muito difícil! (anda de um lado para o outro, e diz triste) Já sei... Vou
acabar logo com o sofrimento da minha Leiazinha...
(RESPIRA FUNDO) Dormirei um pouco... E
amanhã eu falo a minha decisão à Doutora Madalena...
Gerivaldo vai por de trás da cortina, troca de roupa para um pijama (ele
joga as roupas para cima da cortina).
GERIVALDO: (BOCEJO) Aaaaahhh... Eu vou dormir...
Ao cochilar, senhor Gerivaldo é acordado por duas batidas estranhas.
GERIVALDO: Oxentee!!! O que foi isso...?
Fica um curto silêncio, aí começa a bater de novo.
GERIVALDO: Te.. Tem alguém aí?
Começa uma música de suspense, vem mais uma batida bem forte, e Gerivaldo
se assusta.
GERIVALDO: Ai! Quê... Que isso??
Vem outra batida mais forte, e Gerivaldo pula da cadeira.
GERIVALDO: AAAHHH!! Calma Gerivaldo! Calma... Calma... Não é nada... Deve ser só
uma dessas crianças com problemas de gases, só isso... E...
Começa o som de vento e sonoplastia de filme de terror. Gerivaldo olha
lentamente para o lado, e de repente a cadeira dele se arrasta, e ele grita
loucamente.
GERIVALDO: Fantasmas não existem! Fantasmas não existem! Fantasmas não existem!
SAI CORRENDO PARA FORA DO PALCO, ATÉ
QUE OUVE UMA BATIDA AINDA BEM MAIS FORTE, E VOLTA PARA O PALCO COM UM CATÁLOGO.
GERIVALDO: Ai! Fantasmas existem! Fantasmas existem! Fantasmas existem!!
Gerivaldo pega um telefone
GERIVALDO: Ok! Preciso encontrar o telefone daquele cientista que investiga casos
pa-ra-nor-mais!! Cadê? Cadê? Aqui!! Aqui está! (COMEÇA A LIGAR)
- Alô? É o Cientista McFufles?
- Escuta aqui, tem fantasmas na minha
casa e eu não sei o que fazer (começa a
choramingar) Eu estou com muito medo! Por favor, venha aqui! Quanto você
cobra? O quê? Tudo isso, tá muito caro!
(Acontece uma batida bem forte) AH, Não tá caro não, tá caro não! Mas
venha aqui o mais rápido possível!!
CENA III
No mesmo momento em que Gerivaldo
desliga o telefone, fecham-se as cortinas. Entra o cientista em cena, dançando
de acordo com a sua música tema, e seu detector de “Espíritos” fazendo
brincadeira com as crianças do tipo: Que tanto de espíritos que meu detector
está localizando... Será que está com defeito? Quando a música para... Bate a
porta de Sr. Gerivaldo. Em seguida abrem-se as cortinas...
Música de fundo: ghostbusters
CIENTISTA: Foi aqui que chamaram o fenomenal especialista em as atividades
paranormais, Dr. McFuffles?
GERIVALDO: Sim fui eu Doutor! Eu preciso de sua ajuda! Eu acredito que existem...
existem... Fantasmas rondando a minha casa!
CIENTISTA: Não se preocupe meu bom velhinho, na maioria dos casos são apenas coincidências...
Talvez nem tenha fantasmas aqui na sua casa!
GERIVALDO: Você tem certeza?
CIENTISTA: Absoluta! (Vai se apoiar em uma
cadeira, porém a cadeira arrasta para o lado, e o cientista tropeça) Opa!
Desculpas, eu... Eu tropecei (vai se
apoiar de novo, e o cientista cai no chão dessa vez) Ai! O que foi isso??
A cadeira se arrasta, e o cientista se assusta, e se arrasta até os pés
do Gerivaldo.
CIENTISTA: Ai! O que foi isso?? A cadeira se mexeu sozinha!!
GERIVALDO: Eu te disse, tem fantasmas na minha casa!!
CIENTISTA: Meu Deus!! E agora, o que a gente vai fazer?
GERIVALDO: Ué! Você é o cientista, você que deveria saber!
CIENTISTA: Ih... É mesmo...
Acontece uma batida forte, e Gerivaldo pula em cima do colo do cientista...
GERIVALDO: Está acontecendo de novo às batidas!
Cientista solta Gerivaldo no chão...
CIENTISTA: Não se preocupe! Eu tenho aqui o Fantasmagoricanator! Um aparelho que
detecta a presença de presenças paranormais! E aí, gostou? Rápido, vamos
procurando!
Cientista e Gerivaldo andam pelo palco, e quando o aparelho
"apita", o cientista grita "espírito, espírito!", mas
então, o aparelho sempre para de apitar. Os fazem isso perto das crianças para
interagir com a plateia
GERIVALDO: Olha!, Eu estou começando a achar que esse seu
"Fantaseiláoque" é uma bobagem!
CIENTISTA: Não fale assim dele!! Ele tem sentimentos!! Olha, escuta, ele está
indicando que tem espíritos aqui!! (Aponta
para um canto do palco, mas aí, no outro canto uma cadeira é derrubada. O cientista
tenta pular no colo de Gerivaldo, mas este o solta na mesma hora)
GERIVALDO: Pois eu acho que na verdade eles estão ali! Espera um pouco, por acaso
você realmente mexeu com fantasmas de verdade na sua vida??
CIENTISTA: Mas é claro que já! Eles até tinha lençóis e tudo!
GERIVALDO: Ai meu Deus!!! Eu não acredito, hoje é o pior dia da minha vida! Minha
mulher está morrendo, tem fantasmas na minha casa, e um cientista mais burro
que uma porta!
CIENTISTA: EI!! Você vai ver! Eu vou sair e estudar tudo que eu encontrar sobre
esses fenômenos paranormais, você vai ver! Você vai ver!!
Cientista sai de cena
GERIVALDO: Ah! Vai embora, ninguém precisa de você!
Cena IV
O cientista volta com uma mala de inúmeros livros dentre ele o
Pentateuco Kardecista...
CIENTISTA: Olha só, acabei de ler todos esses livros aqui!! (coloca na mão de Gerivaldo, inúmeros livros na mão o fazendo
desequilibrar) Há cinco que achei muito interessante!!
GERIVALDO: (fala, embaixo de todos os livros caídos no chão) Sério? Alguns ou
todos???
CIENTISTA: (Ao Fundo da mala ele grita
“EURECA”... Tirando os livros da codificação) É sobre um homem francês, o
nome dele é Allan Kardec. Parece que aconteceram essas mesmas batidas e móveis
caindo em um restaurante na França há mais ou menos cento e cinquenta anos
atrás!!
Gerivaldo se levanta do monte de livros...
GERIVALDO: E o que ele fez com o fantasma?
CIENTISTA: Espíritos!
GERIVALDO: "É" o que?
CIENTISTA: Espírito! O nome não é fantasma, é espírito! Está escrito aqui em suas
obras...
GERIVALDO: Tá bom, e o que ele fez?
CIENTISTA: Fez o quê? (aéreo e esquecido do
que estava tratando)
GERIVALDO: Com os espíritos!? O que ele fez com os espíritos!?
CIENTISTA: Calma... Estou fazendo transmissões celebrais de altas
periculosidades...
GERIVALDO: Então o quê ele fez com os tais de espíritos?!
CIENTISTA: Então, ele como um grande
cientista começou a estudar os fenômenos que aconteciam... E descobriu que em
outro lugar no planeta aconteceram situações semelhantes com duas irmãs que
moravam em uma casa antiga... Lá tinham batidas e essas duas irmãs começaram a
fazer perguntas para estes barulhos...
GERIVALDO: Tá bom meu filho, mas, você
ainda não me disse como eu vou tirar esse espírito daqui!!!!!
CIENTISTA: Caaaaaaaaaalma... Se ficar assim
você vai ter um “Troço” no coração... Vamos cantar uma música para acalmar os
nervos...
Música: Máquina de viver/ Vaguinho
GERIVALDO: Então vamos lá, procurar logo isso... O
que mais esse Kardec descobriu...
CIENTISTA: EU-RE-CA, vamos nessa!!! Enfim,
em alguns estudos feitos pelo senhor Allan Kardec, ele fala sobre Médiuns, ou
seja, pessoas que conseguem se ligar com o mundo invisível dos espíritos e com
o as pessoas da terra...
E o senhor pelo que vejo, é um tipo de
médium de efeito físico você ajuda os espíritos a falarem através dos barulhos...
GERIVALDO: Tudo bem... E como... Eu
posso... Tirar essa coisa... Da minha casa?? Se o problema é comigo?
Cientista fica calado, foleia, foleia as páginas e ao mesmo tempo seu
Gerivaldo demonstra aflição, andando de um lado para o outro quando não aguenta
e diz...
GERIVALDO: Anda logo!!
CIENTISTA: EU-RE-CA!! Assim como Kardec Vamos fazer
umas perguntas e descobrir, quem é o espírito e o que ele quer com você!
GERIVALDO: Como?
CIENTISTA: Fácil... Espírito! Você consegue
me ouvir? Se conseguir... Bata uma vez! Se não... Bata duas vezes!
O espírito bate uma vez...
Cientista: Beleza, ele consegue nos ouvir! Faça uma pergunta pra ele!
GERIVALDO: Ok... Qual é a cor da minha
cueca?
CIENTISTA: Não! Não esse tipo de pergunta!!
Perguntas como... Você é um parente do Sr. Gerivaldo? Sim ou não?
Espírito bate uma vez...
GERIVALDO: Espera, mas eu não tive um
parente morto há tanto tempo a não ser que... (Gerivaldo arregala os olhos) Léia... É você? Será? Crianças...
Espírito bate uma vez...
GERIVALDO: Mas por que você está me
atormentando desse jeito? Em? Será que é por que... É por que eu ia desligar os
aparelhos não é?
Espírito bate uma vez
GERIVALDO: Ai Meu Deus... Desculpe-me... Eu
ia matar minha “veinha”... (cai no chão
e chora envergonhado)
O cientista se sensibiliza com Sr. Gerivaldo...
CIENTISTA: Sr. Gerivaldo, não fique triste
eu como cientista cometi muitos erros materialistas, mas encontrei nas obras de
Kardec a junção harmônica de Religião e Ciência... Nos casos de curas
inexplicáveis; pessoa em coma assim como a dona Leia... Acordam depois de muito tempo do coma,
agradecendo aos familiares por não o terem desligado os aparelhos... que apesar
de estarem em coma viam e ouviam tudo...
GERIVALDO: Mas Léia, eu só fiz aquilo para
que você não sofresse... Mas... Se assim Léia... Eu não desligarei... Esperarei
por você, o máximo que eu puder minha querida! Mas não desligarei! Mas... E o
que eu farei... Se você nunca acordar?
CIENTISTA: Os espíritos dizem nas obras de
Kardec, que é crime aos olhos de Deus tirar a vida do próximo... Tenha fé Sr.
Gerivaldo, ora e vigia sempre... ela está passando por esta dificuldade para
evoluir espiritualmente reparando os erros do passado...
GERIVALDO: Ah! Muito obrigado Dr. McFuffles! Sem
esses livros e pesquisas sobre o espiritismo, eu não teria descoberto isso!
CIENTISTA: Obrigado você senhor
Gerivaldo! Agora eu sei de verdade o que são os espíritos, e continuarei
estudando sobre eles e descobrindo muito mais dessa incrível ciência! Bom,
tenho que ir! (Começa a música
ghostbusters, e o cientista sai de cena dançando)
As cortinas se fecham (voz em off “tempos depois)
CENA V
Gerivaldo chega ao quarto do hospital e
se depara com a Doutora e Dona Léia sentada na cama...
GERIVALDO: Léia...
LÉIA: Gerivaldo meu amor... Muito obrigado, suas preces me ajudaram muito...
Música "the gravel road", gerivaldo fala lacrimejando....
Ele, aos prantos, a abraça, enquanto a música acontece, e então,
fecham-se as cortinas.
VOZ EM OFF: E eles viveram felizes para sempre...
FIM
PERSONAGENS:
DOUTORA: Nânia
CIENTISTA: Pepeu
GERIVALDO: Lukas
DONA LÉIA: Clarissa
SONOPLASTIA: Letícia e Marina
MAQUIAGEM: Cecília
MÚSICAS PARA SONOPLASTIA:
Cena 1 - Notícia da médica -
"Winter Song" (Sarah Mclachlan instrumental)
Cena 2 - Gerivaldo cabisbaixo -
"Mum" (John Charles Fiddy)
Cena 2 - Batidas - Música de suspense e
sonoplastia de filme de terror.
Cena 3 e Cena 4- Entrada do Cientista -
"GhostBusters Original Theme" (Filme "Os Caça-Fantasmas)
Cena 5 - Dona Léia acorda - The Gravel
Road (James Newton Howard)
Elaboração de Lukas Prudêncio, Pepeu e companhia...
Elaboração de Lukas Prudêncio, Pepeu e companhia...
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